quarta-feira, 30 de junho de 2010
Relato de uma fóbica social
terça-feira, 29 de junho de 2010
"É só brincadeira..."
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Sobre Alberto Caeiro e sua filosofia não-filosófica...
Pouco me importa o que? Não sei: pouco me importa."
Como um carpinteiro nas tábuas!...
Que triste não saber florir!
Ter que pôr verso sobre verso, como quem constrói um muro
E ver se está bem, e tirar se não está!...
Quando a única casa artística é a Terra toda
Que varia e está sempre bem e é sempre a mesma."
Era brilhante como Fernando Pessoa evitava sua contradição, pois uma vez que Caeiro fosse tão prático, por que escreveria poemas e os mostraria a outras pessoas? Ele deveria ter somente uma única crença e guarda-la para suas próprias ações. Porém a justificativa fica na indignação despertada quando via seres-humanos centrados demais nas suas linhas hipotéticas artificiais em demasiado.
Também é com muito estilo que o poeta nos transmite sua passividade sobre as ideias, no caso o incômodo na presença de indivíduos pouco naturais:
"Acho tão natural que não se pense,
Que me ponho a rir às vezes, sozinho,
Não sei bem de quê, mas é de qualquer cousa
Que tem que ver com haver gente que pensa ...
Que pensará o meu muro da minha sombra?
Pergunto-me às vezes isto até dar por mim
A perguntar-me cousas. . .
E então desagrado-me, e incomodo-me
Como se desse por mim com um pé dormente. . ."
(mas também...)
"Penso nisto, não como quem pensa, mas como quem respira"
(Achei incrível, você não?)
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Apesar dessa postura tão definida, ele admite até algumas mudanças, alguns sentimentalismos de vez enquando. Afirma, Caeiro, que é natural do ser-humano se movimentar, sentir alguns pequenos exageros, porém são raros e devem ser levados como parte do fluxo de ocorrências espontâneas da nossa vida, e não como acontecimentos extraordinários, uma vez que essa interpretação é prejudicial a nossa conduta natural.
Ta aí:
"Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor da sombra (...)
Reparem bem para mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés (...)"
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O heterônimo realmente muda, tanto muda que mesmo ele, o poeta sem extremos, se apaixonou por uma mulher e se sentiu todo estimulado e, logo, desequilibrado. Seria extremamente interessante se ele realmente tivesse existido, hehehe.
Vou colocar alguns trecho bem bonitos sobre o sentimentos, dos quais me identifico muito, aliás:
Antigamente acordava sem sensação nenhuma; acordava.
Tenho alegria e pena porque perco o que sonho
E posso estar na realidade onde está o que sonho.
Não sei o que hei de fazer das minhas sensações.
Não sei o que hei de ser comigo sozinho.
Quero que ela me diga qualquer cousa para eu acordar de novo."
(Sabe quando a gente lê algo e pensa: "SOU EU!!"? Então... rsrs)
"Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela. (...)
(...) Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois."
Embora esse comprometimento de sua indiferença, ele manteve-se forte nas opiniões:
"Tu não me tiraste a Natureza ...
Tu mudaste a Natureza ...
Trouxeste-me a Natureza para o pé de mim,
Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,
Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,Por tu me escolheres para te ter e te amar,
Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
Sobre todas as cousas.
Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou. "